sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Que seja (agri)doce


Se não fossem os danos, não seria eu.
Clarice Falcão


Eu sempre gostei de me apaixonar. Sabe aquele friozinho gostoso na barriga? Aquela vontade de conquistar o outro a cada sorriso? Então. Eu sempre me senti livre pra me apaixonar por quem eu quisesse e viver livremente aquele (possível) amor. Sempre fui daqueles que se joga sem medo de cair ou voar. Mas infelizmente (ou felizmente), a gente amadurece. A vida, com seus percalços e suas complicações acaba nos endurecendo um pouco diante de tudo que sempre gostamos de vivenciar. Com o passar do tempo (e das decepções) vamos nos tornando pessoas mais articulosas, com mais preocupação do que se parece com o que é de verdade. A gente passa a acreditar que entende todas as entrelinhas das pessoas e começa a perceber que realmente nosso sexto sentido geralmente não falha. Ao passar dos anos, nosso coração vai conhecendo de tudo. Muito amor, muito ódio, muita paixão e MUITAS (assim, em caps lock mesmo) tristezas. Então ele começa a não acreditar mais com facilidade em tudo que fantasiava. Ele percebe que nem sempre as pessoas são verdadeiras e que nem sempre a vida é tão linda quanto imaginamos. Aprende que dói acreditar e colocar sua confiança em alguém que não se preocupa com você. Ele aprende que a queda muitas vezes deixam cicatrizes que dificilmente serão curadas. Mas uma coisa, o coração também aprende: nada é para sempre. Nossos sentimentos, emoções, paixões, tristezas, passam. Sempre passam. E ao longo do caminho, ele (nosso tão falado coração) passa a compreender que o que nos deixa tristes, o que nos fere e nos faz receber a decepção como parte da vida, é a idealização de como as pessoas devem ser. As pessoas não devem ser, elas simplesmente são. com todos seus erros, acertos e derrotas. Com toda sua bagagem e suas memórias tão congestionadas. As pessoas são como a vida as criou, como o coração aprendeu... E não devemos esperar nada de ninguém, a não ser de nós mesmos. Eu quero voltar a me sentir livre para me apaixonar por quem eu quiser, afinal, eu acredito que todos nascemos para ter alguém (não apenas um alguém, mas todos os “alguéns” necessários para cada etapa da nossa vida). Quero ter a liberdade dentro de mim de fantasiar os maiores impropérios com alguém. Quero ter de volta a parte adocicada da vida, sem toda acidez que deposito hoje em dia. Quero pique-nique no parque com o coração transbordando. Quero emoção e lágrimas nos olhos ao pensar em alguém. Eu quero ter vontade de fazer surpresas. Quero ter vontade de olhar para o precipício dentro do olhar de alguém e mesmo assim me jogar sem ter medo. Quero ter coragem pra mudar tudo isso em mim. Coragem pra modificar o que me tornei, ter aprendido mas voltar a ser leve. E tudo isso é algo que apenas eu mesmo posso fazer. Eu quero ser livre, e quero poder acreditar de novo. A vida passa num instante, e que graça ela pode ter sem nos aventurarmos? Que novamente seja (agri)doce.

Para ouvir enquanto me lê: Capitão Gancho - Clarice Falcão

Nenhum comentário:

Postar um comentário