segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A ansiedade e tantas outras tantas coisas.


Vou te ligar. Fico matutando apegado ao assunto o dia todo, como aquele último chiclete de esperança, que já está gasto e sem gosto, mas você continua insistindo em mascar, muito porque não sabe mais o que fazer com a própria língua e dentes. Você pode estar doente. Pode estar carente, com saudade, precisando me dizer uma coisa que nunca teve coragem de dizer.
Gabito Nunes


Sempre fui ansioso. Desde quando eu era criança, me lembro de que assim que terminava meu aniversário já começava a contar os dias para o próximo. É que sempre gostei de ser feliz, ser presenteado, receber energia positiva de quem me ama. Nunca fui dessa gente que só busca motivo para ser triste, muito pelo contrário, eu sempre tentei ver a parte mais bonita de tudo. E então, quando você diz que vem às seis horas e quarenta e cinco minutos, em uma sexta-feira daqui a algumas semanas, já me arrumo. Me preparo. Quero tudo em perfeita ordem, quero valer a pena por que sei o quanto valho. Começo a arrumar a casa, deixo tudo da forma que sei que você vai gostar, pois te conheço há muito. E sei há muito do que você gosta. Depois da casa arrumada, vou para meu coração. Coloco ele na realidade que ele deve ter, vou limpando os cômodos tão vazios dele. Retirando a poeira, relembrando sujeiras, retirando as impurezas e o deixando como novo com cheiro de lavanda e alecrim. Vou relembrando a ele fatos, mostrando que não devo esperar muito para que eu não me machuque como daquela vez. E então, faxina no coração terminada entro dentro dele e começo a andar de um lado ao outro. Ansioso. Com medo. Querendo que essas semanas passem rápido como um furacão. Me desespero. Tento puxar assuntos variados. Corro pra você, e saio correndo de você. Me jogo no chão da sala, e começo a pensar : E se não der certo? E se dessa vez der certo? E se eu não for o suficiente? E se você não for o suficiente? E grito. Grito meu grito mais pesado. Grito um grito de busca, de sinestesia, de sentimentos guardados. Grito como quem quer te ter para sempre mas guarda isso, deixa quietinho, escondidinho. Corro para meu cérebro. Apesar do meu lado todo sentimental e intenso, ele consegue me parar. Ele sempre me diz e sabe o que fazer, por mais que tantas vezes eu faça o oposto. Entro nele, mas a ansiedade não passa. Busco memórias, filtro seletivamente as palavras. Toco em lembranças. Assumo emoções. Corro os riscos. E grito novamente. Um grito de lembrança. Um grito de vontade. Na verdade, um grito racional de vontade. Por saber que eu te preciso, não só no coração, como na casa e na cabeça. E então você vem falar comigo.
- E aí, tudo bem?
- E eu respondo, tudo e você?
Eu queria mesmo era te dizer:
- Claro que estou bem! Agora você vem. E vem sem eu chamar. Vem sem eu pedir! Dessa vez você vem mais aberto, vem com vontade e vem para que a gente se ajeite em minha cama de solteiro enquanto assiste mais um episódio daquele seriado. E para que a gente ria juntos, e se beije e se sinta. Agora você vem e como eu não estaria ótimo? Olho para as dores do mundo e nem as acho mais tão feias, por que você vem. Você vai estar aqui comigo me ajudando caso eu tenha uma dor também. E eu vou estar com você! Se eu estou bem? Eu estou é no paraíso. Sentindo-me aquele adolescente que acreditava em tudo de novo. Acredito em tudo de novo. Acredito em você de novo. E me sinto novo, em folha. E não espero o depois, eu espero o agora. O Depois vai vir, vai vir comigo e com você.
Mas não posso te dizer isso, eu sei que você não sabe lidar com algo caso me machuque. Sei que você não sabe lidar caso frustre minhas expectativas. Logo você que tantas vezes demonstra uma frieza tamanha, quer mostrar muitas das vezes que no lugar do coração tem um iceberg. Logo você que me disse tantas vezes que estava fechado. Logo você, que sempre se mostra longe de romances. Logo você, se preocupa mais comigo que consigo mesmo. Em mim você confia. E me quer. E sabe que me tem. Mas preciso me comportar, não vou estragar nada. E nem você. Tudo que eu quero é te fazer meu, rasgar a sua roupa, comer as suas vontades, saciar seus pensamentos, estraçalhar sua calma e aguçar sua espera. Mas preciso me comportar agora para que no depois, você seja meu inteiro.

Para ouvir, enquanto me lê: To Know Him Is To Love Him - Amy Winehouse