segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O medo de perder o medo

Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.
Caio Fernando Abreu

Ou as pessoas andam um tanto quanto complicadas, ou amar se torna cada vez mais um artigo de luxo. Eu sempre acreditei no amor, sempre. Sempre acreditei na capacidade do ser humano de se apaixonar muitas e muitas vezes. Sempre reencontrei essas vontades em mim e sempre tive a esperança que isso, o amor, pudesse acontecer comigo em alguma esquina da vida. Sempre amei tantas pessoas e tantas coisas. Porque não um amor, que realmente fizesse valer essa palavra e o sentimento? E a resposta é também apenas uma palavra: pelo medo. As pessoas estão com medo do amor. Medo de acreditar nele, de ver o que ele pode proporcionar. As pessoas estão com medo de agir, medo de se jogar do precipício da alma do outro. E o medo vem devido às experiências de cada um. Eu sei disso, pois eu tenho medo. Tenho medo de me entregar totalmente a alguém novamente. Eu tenho medo, de dar meu coração tão cheio de falhas a alguém. Tenho pavor em me imaginar confiando plenamente em outro ser. Logo eu, que sempre fui chamado de imediatista intenso ou o impulsivo namorador. Logo eu, que sempre tive orgulho se ser o louquinho que namora quem bem entende. Mas sabe o que é? Eu me doei tanto que fiquei sem. Fiquei sem aquele friozinho na barriga quando tenho um primeiro encontro. Fiquei sem expectativas sobre meu coração palpitar por alguém. Fiquei sem criar anseios a respeito de outro ser humano. Fiquei sem saber quando e como falar algo a alguém sem parecer um fraco romântico fora de moda. Eu fiquei sem saber como amar. Eu fiquei sem saber como é o amor ou todos esses clichês folhetinescos que tornam nossas vidas tão reais. Eu fiquei sem saber como devo responder um SMS. Fiquei sem saber como demonstrar os sentimentos ou como demonstrar sem parecer um bobo apaixonado ou como não demonstrar e virar uma pessoa sem coração. Fiquei sem o entendimento. Fiquei sem entender o que eu sinto.  Fiquei sem entender porque as pessoas andam tão matematicamente ritualísticas em suas relações. Fiquei sem o amor. Fiquei sem saber o que faço agora, já que o que sempre me moveu foi o amor. O que a gente faz quando perde o que nos sustenta por inteiro? Eu não sei. Eu não faço ideia. Só peço baixinho que tudo isso passe, que eu possa encontrar alguém que faça com que meu coração perca o medo. Alguém que chegue, tome seu espaço dentro de mim e me faça lembrar que meus sonhos quando eu tinha 18 anos ainda valem a pena. Eu não quero mais ficar sem. Eu quero ganhar. Quero ficar com. Com esperança de que um dia, tudo isso se mostre um grande aprendizado e que o amor chega, ele chega, só basta a gente deixar.

Para ouvir enquanto me lê: Do amor - Tulipa Ruiz