terça-feira, 17 de agosto de 2010

Carta ao Estranho.


"... Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."
Clarice Lispector


Estranho,

Não gosto de normalidades. Sim, não curto esse tipo de vida ‘normal’, pessoas ‘normais’ e tudo que criamos com a nossa ‘normalidade’ excessiva.
Não suporto a normalidade de sentimentos e nem qualquer tipo de coisa que seja óbvia demais, fácil demais, normal demais...
Eu sou a intensidade dos sentimentos dentro de um corpo em constante e total movimento.
Por isso eu digo, se me quer de verdade não seja bonzinho comigo! Me ‘maltrate’, tenha latejando dentro de si cada um dos seus defeitos, seus formatos e suas incógnitas tão mal resolvidas.
É disso que eu gosto, é isso que me interessa!
Gosto do difícil, do arrebatador, daquilo que quase aconteceu, mas por uma maré de circunstâncias não prosseguiu, não continuou, não venceu.
Eu sinto um prazer imenso pelo inesperado, uma total sequencia de orgasmos quando o impossível me vem às mãos.
Eu te quero assim e te quero agora, não mais te procuro, não mais te sigo, só espero.
Espero o inesperado do impossível em suas mãos como um presente, com laços de afeto e embrulho de amor. As mãos de alguém que ao menos conheço, mas já é tão meu. As mãos que um desconhecido tem, mas já faz parte de cada detalhe do meu rosto, e note: Sua mão se encaixa perfeitamente no acariciar dos meus cabelos, no toque dos seus dedos com minha pele quente e macia, ela se encaixa perfeitamente em cada singelo carinho.
Sim eu te quero assim, dessa forma que você está sendo que nem sei qual é, mas te quero! Quero cada formato de seu corpo, cada saliva dos seus beijos, quero o seu coração com tudo dentro! Com coisas boas, ruins, frívolas, maravilhosas... Te quero inteiro e com a alma toda, com todos os devaneios de alguém tão intenso quanto seu par. Te quero com esse seu corpo todo, com essa vontade toda de ter um ao outro. E quando penso tanto em você imagino: Será que esse ser que nem conheço também quer tanto me encontrar? Tanto me conhecer? Tanto me completar? Tanto ser ‘nós’ ao invés de apenas: eu?
Eu te quero, mas não mais fico ansioso, não mais fico triste e nem ao menos com medo. Porque eu sei que você está vindo, ou eu estou indo. Mas a falta de normalidade de nossos sentimentos e o sorriso em forma de coração vai me fazer te reconhecer aonde quer que esteja. Estranho, meu estranho que já tanto amo sem ao menos conhecer. É para você cada palavra, e é para você cada parte do meu coração tão cansado de normalidades, venha e me tire das convenções, me tire da rotina e me desloque dessa vida óbvia.
Meu estranho, meu estrangeiro, meu...

Sinceramente e cheio de obviedades complexas, Eu.

16 comentários:

  1. Nossa, que lindo! E eu me indentifiquei plenamente com o teu texto, essa coisa de: "e é para você cada parte do meu coração tão cansado de normalidades, venha e me tire das convenções, me tire da rotina e me desloque dessa vida óbvia".

    Acredito que as pessoas tem que viver intensamente cada dia, não sabemos se haverá outro. Uma vida levada na rotina, para mim não vinga.

    Escreves muito bem. E começou muitíssimo bem também, eu AMO Clarice Lispector. Dá para notar pelo meu blog rs Passa lá: http://juogata.blogspot.com/

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  2. Hahaha respondendo ao seu comentário no meu blog: gostei muito do seu também, já estou te seguindo!

    E obrigada pelos elogios, são pessoas como você que nos fazem sentir vontade de continuar escrevendo! Muito obrigada, e continue assim.
    Quando tiver post novo, me avisa que com certeza estarei aqui!!

    http://juogata.blogspot.com/

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  3. Menino, que carta linda!!! Às vezes é tanta coisa acontecendo dentro da gente que o que realmente precisamos é de um desconhecido para amar. Eu entendo bem disso. MESMO.

    Você é lindo.

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  4. Aplaudo vc mais uma vez, quão lindo soam suas palavras, são palavras ferozes vinda da alma, palavras que impressionam, mas que encantam, raro isso viu?. Coisas normais, são chatas por que as coisas normais são as coisas adestradas afinal todo somos mesmo anormais, só que aprendemos a "fingir" uma certa normalidade para que a sociedade não queira nos destruir "Bruxos" "Vampiros" "Lobisomens", ou "ETS" os anormais são extintos rsrsrsrs (besteiras a parte, seu relato é lindissimo, que a experiencia de uma amor assim chegue a todos que tem alma anormal! sucesso para vc!)

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  5. Oh meu Deus que Texto forte!

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  6. Ah esses desconhecidos que são a destinação de cada entrelinha... mais uma vez, um profundo texto. Intenso. Sem freios, essa é a liberdade.
    :)

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  7. E o Jhony adora coisas difiicieis! Bem sua cara amor! Descreveu bem o que se passa aii dentro! Tamo junto meu gato ;) Beijo

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  8. Que lindo texto. O óbvio, as normalidades, nos cansasm, nos desesperam, mas seguimos em frente porque sabemos que um dia encontraremos quem tanto aguardamos, tanto ansiamos. E viveremos por ele, seremos estranho como ele, viveremos nossas vidas do nosso modo...
    Adorei!

    Letícia

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  9. já disseram..."é impossóvel ser feliz sózinho"
    E quantos estranhos não existem mundo á fora?
    Desejo então que o seu estranho torne-se conhecido, próximo...presente!
    Gostei, inclusive das ultimas linhas.

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  10. Você escreve o que eu juro que tento por em prosa! Traduziu a madrugada com o cigarro na mão e o pensamento cheio, voando de pesado.

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  11. Oi queridão! :D Estamos te colocando na nossa lista de blogs, ta?
    Um beijo!

    Maiza

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  12. Achei bem "Loving the Alien" esse texto... ótimo post, valeu!

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  13. Já te add! Ainda não temos um banner, mas assim que criarmos colocaremos no blog! Beijos

    Maiza

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  14. Opa...!
    Ahm, eu indiquei o teu blog pra receber os selos, passa la no meu (www.7heart.blogspot.com) pra pegar.

    Até mais
    VLW!

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  15. Pois é, dos selos,
    é so copiar o endereço (url) deles e criar uma postagem e "inserir imagem da internet". Ainda se quiser pode entao criar um "gadget" de "imagem" pra deixar a mostra no blog :)

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