Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.
Caio Fernando Abreu
Ou as pessoas andam um tanto quanto complicadas, ou amar se
torna cada vez mais um artigo de luxo. Eu sempre acreditei no amor, sempre.
Sempre acreditei na capacidade do ser humano de se apaixonar muitas e muitas
vezes. Sempre reencontrei essas vontades em mim e sempre tive a esperança que
isso, o amor, pudesse acontecer comigo em alguma esquina da vida. Sempre amei tantas pessoas e tantas
coisas. Porque não um amor, que realmente fizesse valer essa palavra e o
sentimento? E a resposta é também apenas uma palavra: pelo medo. As pessoas estão com medo do amor. Medo
de acreditar nele, de ver o que ele pode proporcionar. As pessoas estão com
medo de agir, medo de se jogar do precipício da alma do outro. E o medo vem
devido às experiências de cada um. Eu sei disso, pois eu tenho medo. Tenho medo
de me entregar totalmente a alguém novamente. Eu tenho medo, de dar meu coração
tão cheio de falhas a alguém. Tenho pavor em me imaginar confiando plenamente
em outro ser. Logo eu, que sempre fui chamado de imediatista intenso ou o
impulsivo namorador. Logo eu, que sempre tive orgulho se ser o louquinho que
namora quem bem entende. Mas sabe o que é? Eu me doei tanto que fiquei sem.
Fiquei sem aquele friozinho na barriga quando tenho um primeiro encontro.
Fiquei sem expectativas sobre meu coração palpitar por alguém. Fiquei sem
criar anseios a respeito de outro ser humano. Fiquei sem saber quando e como falar
algo a alguém sem parecer um fraco romântico fora de moda. Eu fiquei sem saber como amar. Eu
fiquei sem saber como é o amor ou todos esses clichês folhetinescos que tornam
nossas vidas tão reais. Eu fiquei sem saber como devo responder um SMS. Fiquei
sem saber como demonstrar os sentimentos ou como demonstrar sem parecer um bobo
apaixonado ou como não demonstrar e virar uma pessoa sem coração. Fiquei sem o
entendimento. Fiquei sem entender o que eu sinto. Fiquei sem entender porque as pessoas andam tão
matematicamente ritualísticas em suas relações. Fiquei sem o amor. Fiquei sem
saber o que faço agora, já que o que sempre me moveu foi o amor. O que a gente
faz quando perde o que nos sustenta por inteiro? Eu não sei. Eu não faço ideia.
Só peço baixinho que tudo isso passe, que eu possa encontrar alguém que faça
com que meu coração perca o medo. Alguém que chegue, tome seu espaço dentro de
mim e me faça lembrar que meus sonhos quando eu tinha 18 anos ainda valem a
pena. Eu não quero mais ficar sem. Eu quero ganhar. Quero ficar com. Com
esperança de que um dia, tudo isso se mostre um grande aprendizado e que o amor
chega, ele chega, só basta a gente deixar.
Para ouvir enquanto me lê: Do amor - Tulipa Ruiz